Eu sempre gostei de gatos. Eles sempre foram meus animais favoritos.
*Eu ainda pequeno com gatinhos*
Gosto também de cachorros e de todos os animais... Mas os gatos sempre me fascinaram de um jeito especial.
Acho que pelo mistérios e pela leveza que eles carregam, pelo andar elegante, pelo olhar sempre atento e vidrado, pela higiene, pela velocidade surpreendente, pelo carinho incondicional e oportuno, etc... não há um motivo para eu gostar tanto de gatos, mas eu gosto.
A alguns anos atrás tive um gato que era simplesmente incrível, ele foi o primeiro presente que eu e minha esposa ganhamos logo que fomos morar juntos. Ele era predominantemente branco com o rosto e o rabo amarelos... Super gordinho e tinha uma mancha exatamente redonda nas costas na cor amarela. Por isso lhe damos o nome de POMPOM.
*Pompom lendo um livro na nossa humilde primeira casa*
A relação entre eu e minha esposa foi se desenvolvendo de acordo com o crescimento do POMPOM. E ele teve uma vida agitada. Gostava de noitadas e cantoria, mas sempre estava lá para me receber... Quando eu voltava pra casa após semanas no quartel...Pompom estava lá... quando tomei antidepressivos... Pompom estava lá... quando compramos nosso primeiro carro Pompom estava lá... quando compramos nossa casa própria... Pompom estava lá... quando fiquei desempregado... Pompom estava lá... Vivemos muitos histórias e Pompom sempre estava lá, como seu ronrono e seu carinho, ele era muito malandro e curioso, ainda hoje é possível achar algum pelinho dele numa roupa guardada no roupeiro... Mas um dia percebemos que Pompom ele estava com dificuldade para urinar, mas não demos muita atenção, não parecia ser muito sério... mas uns três dias depois eu estava no pátio cortando grama, Pompom estava no meu lado como sempre esteve, ele olhou no fundo dos meus olhos e deu um miado mais grosso que o normal, tentou pular a janela e não conseguiu... Peguei-o no colo... Senti que ele estava fraco, forçando a respiração... Não pensei duas vezes, enrolei o Pompom num roupão de banho que ele adorava e levamos na clinica veterinária mais próxima. A médica falou que ele tinha cálculos renais que não estavam permitido o gatinho urinar. Estávamos sem dinheiro, mesmo assim pedimos para que fosse feito tudo que se podia fazer. Se necessário faríamos um empréstimo o qualquer coisa do tipo... Parecia que ia ficar tudo bem... antes de sair, Pompom fez carinho esfregando sua cabeça em mim e miando fino mais uma vez... aquela noite foi terrível... chovia muito... eu e minha mulher chorávamos mais ainda...mas Parecia que ia ficar tudo bem... Não conseguimos dormir, a Veterinária tinha dito que se algo acontecesse ela ligaria... como ela não ligou, achamos que estava tudo bem... na primeira hora da manha fomos até a clínica e recebemos a pior noticia possível... Após receber os sedativos, a pressão caiu muito e ele não resistiu... Pompom que era tão esperto, que gostava de ir pra todo lugar que eu ia, mesmo na rua enfrentava os cachorros, que corria por cima das casa, que cassava passarinhos, que dormia nos cantos mais estranhos da casa, que gostava de carinho e dava carinho para todo mundo, que atendia prontamente ao primeiro chamado de seu nome, que sobreviveu a uma mordia de cacho e a um tiro de arma de fogo... Pompom de tantas histórias e tantas alegrias, mas que sempre estava lá nos esperando... estava morto... gelado, enrolado no seu roupão de banho, lindo e gorducho como da primeira vez que eu lhe vi... porém ele não mais me contaria nenhuma história.
A dor foi terrível... fiz questão de preparar uma lapide com as próprias mãos... tal como se estivesse preparando sua última caminha... chovia muito e a chuva lavava meu rosto... Deitei Pompom suavemente em sua última cama...enrolado em seu roupão com seus potes de ração e água, que era tudo que ele tinha além de nosso amor e carinho... Por mais que os gatos gostam de conforto, eles não precisam de carros e casas maravilhosas para serem feliz... A dor foi terrível enquanto eu o cobria com cimento e terra... essa dor ficou terrível nas semanas que se passaram... Mas as alegrias de sua vida foram maiores, é elas que devem ser lembradas. Pompom só tina 5 anos, mas foram cinco anos intensos... Quem tem gato sabe que ele não vai abanar o rabo ou fazer um fiasco quando você chega, mas ele vai estar lá... ronronando lhe virá dar carinho e se aprochegar em seu colo.
Com a perda de Pompom, me acovardei. Disse para minha mulher e para o resto do mundo que não queria ter mais nenhum gatinho por um bom tempo. Embora amasse esses bichanos, não estava pronto para a possibilidade de sentir essa dor novamente tão cedo.
Se passou mais de um ano. 2011 vinha sendo um ótimo ano. Recebi uma sonhada promoção no serviço, me formei na faculdade, minha mulher entrou na faculdade, descobrimos que estamos grávidos da pequena Maria Luiza, a notícia mais importante e linda da minha vida!!! De repente as coisas começaram a degringolar... Fui demitido sem justo motivo e sem nenhum tipo de aviso ou coisa do tipo... os dias estão passando e até agora não consegui sacar o seguro desemprego por causa se um erro do setor de RH. As contas não param de chegar e nada de conseguir um emprego no mesmo nível do meu antigo. Minha esposa sempre me deu força e achou o momento certo para trazer uma nova alegria para dentro de casa.
Enquanto fazíamos as compras no Hiper Mercado ela me pediu a chave do carro para botar um presente. Quando fui colocar as compras no porta-malas lá estava MARU. Um filhote lindo de uns dois meses aproximadamente, ele estava dormindo, todo esticadão... quando abri a tampa e conversei com ele... ele olhou no fundo dos meus olhos, deu um miado fino, me fez carinho e voltou a dormir.
*MARU lindo e esperto*
MARU era muito lindo. Pelo branco com algumas manchas entre o cinza e marrom, orelhas cinzas e rabo brasino, além dos belos olhos bens azuis. Ele iria ser abandonado no mato, mas minha mulher lhe ofereceu um lar e muito amor.
A alegria de ter um gato novamente em casa foi incrível! Principalmente um filhote brincalhão, bagunceiro, carinhoso e preguiçoso como era o Maru. Ele corria pela casa, caçava mosquitos e moscas enlouquecidamente! Uma noite houve uma invasão de cascudos e Maru se mostrou o caçador numero um destes insetos... até um cascudo enorme de uns 10cm Maru perseguiu!
Maru ia seguir os passos de seu xará japonês e virar sucesso na internet, ele já estava bombando no meu Facebook... Parecia que ia ficar tudo bem... Na última noite ele estava carinhoso como sempre, não adiantava minha mulher tirar que ele voltava para o colo, não deixa ninguém usar o teclado do computador... só queria dar muito carinho.
Pela manhã meu pai venho à minha casa e foi recebido com Maru rolando aos seus pés. Ficamos envolvidos com a obra do “puxadinho” aqui de casa, que logo será nosso novo quarto e uma nova cozinha, afinal a família está crescendo. Enquanto virávamos a massa e sentávamos os tijolos, Maru achava tudo aquilo muito divertido, se enrolava no plumo, se escondia nos tijolos... se sujou todo de cimento! Fomos almoçar, Maru ficou comportado ao lado da mesa nos olhando com seus vidrados olhos azuis. Eu até me surpreendi, afinal ele era tão jovem e já sabia que não podia subir na mesa! Terminada a refeição paramos para assistir TV, estava dando uma reportagem sobre animais abandonados pelos donos e doação... exatamente a história de Maru... Ele subiu na estante e começou a brincar com as imagens na dos outros gatos e cachorros da TV... como se falace: “Olha era isso que ia acontecer comigo e você me salvou”... Meu pai falou que ele poderia furar a TV, eu não preocupei deixei ele brincar... Nada tão bom quanto ter toda aquela alegria dentro de casa!
Depois disso peguei ele no colo, fiz carinho, tirei um pouco do cimento de seu pelinho e coloquei Maru em cima da cama...
Passado uns dez minutos era hora de voltar a obra. Quando fui até a frente de casa abrir o portão para tirar o carro e ir comprar mais cimento, vi que Maru estava deitado no pátio do vizinho, Chamei ele apenas uma vez... ele não levantou a cabeça nem miou como da primeira vez... mesmo estando um dia muito quente de verão, ventava um vento frio que balançava os pelinhos brancos do Maru... foi ai que eu percebi que ele não mais respirava e que havia sangue no chão... Naquele momento, toda aquela maldita dor voltou... eu não veria Maru crescer, ele não brincaria com a Maria Luiza, não afiaria mas as unhas no sofá, não teria vídeos na internet, não caçaria mais cascudos, não voltaria a brincar com a TV, nem poderia dar mais carinho... O idiota do vizinho tirou o carro da garagem como um animal, não percebeu que Maru estava embaixo da roda, nem deu chance para ele sair... idiota maldito... não houve miado nem gemido... Maru não teve nenhuma chance... e mais uma vez eu não pude fazer nada... Maldita dor! Eu não queria enterrar outro gato tão cedo... olhar cada cantinho da casa onde ele deitava e ronronava é insuportável... sou muito fraco...
Tem gente por ai que fala que gatos são indiferentes e interesseiros... Quem fala isso são IDIOTAS que precisam de um bicho babando, fazendo fiasco e abanando o rabo com sua presença... INTERESSEIRO E INDIFERENTES SÃO OS SERES HUMANOS que sempre esperam algo em troca... que deixam pra depois... que escolhem o que querem esquecer para ganhar vantagens...SE APRENDI ALGUMA COISA COM POMPOM E MARU foi NUNCA DEIXAR PRA AMANHÃ O QUE SE PODE FAZER HOJE. Eles nunca deixaram de dar carinho, de abraçar, de dar amor... por isso os bichos não se importam com o futuro, pois SABEM AMAR NO PRESENTE... já nós seres humanos e racionas, trocamos abraços por promessas, carinhos por bugigangas, sorrisos por hostilidades... perdemos muito tempo esperando por pedidos de desculpas.
*Ficamos pouco tempo juntos, mas valeu a pena... Ele não deixou nada pra depois*
Meu pai sempre diz que quando um mal acontece com um animal de estimação eram porque iria acontecer com um dono... eu queria acreditar nisso, mas sou racional demais para crendices... Só sei que quando Pompom morreu devido as complicações renais, minha mulher também estava com problemas nos rins e depois daquilo, nunca mais teve problemas, mesmo agora na gravidez... Eu tenho andado meio distraído, cabisbaixo, quem sabe não iria acontecer algo comigo nesse trânsito louco de fim de ano.
Enquanto estava escrevendo esse texto o telefone da minha mulher tocou, e nunca é bom quando isso acontece à meia noite e meia. Minha sogra que tem problemas cardíacos estava passando mal... tive que leva-la correndo como um doido para a emergência... Ela já chegou desacordada e agora está na UTI... está melhorendo... tomara que fique tudo bem... Não estou pronto para mais dor.
Adeus ano velho, adeus 2011! Finalmente 2012 está chegando! Vou lutar para construir um ano melhor, o ano que serei pai, o ano que deve ser o melhor da minha vida... Um ano novo de felicidade, um recomeço...
Como foi bom ter os gatinhos Pompom e Maru... Tomara que neste novo ano, tal como eles, eu consiga não deixar para amanhã os abraços e carinhos que posso dar agora... Pode ser que não exista amanhã.