sábado, 24 de dezembro de 2011

3.2 DIFERENCIAÇÕES PERTINENTES ENTRE O RACIOCÍNIO E HABILIDADES


     Não se pode confundir habilidades básicas com habilidade de raciocínio.


Tradicionalmente a ideia de habilidades básicas está relacionada com as ideias de

ler, escrever, calcular, ouvir e falar. Indiscutivelmente estas são habilidades básicas

no sentido de que sem elas é impossível que se aprenda ou ensine a maioria das

disciplinas curriculares. Por outro lado, se for analisado um pouco mais

atenciosamente, fica evidente que as habilidades de calcular, ler, escrever, falar e

ouvir são “mega-habilidades incrivelmente complexas e sofisticadas”. (LIPMAN,

1995, p. 56) Tanto são complexas que várias das ciências existentes foram criadas

para tentar compreender e explicar as origens e o funcionamento destas megahabilidades.
     O raciocínio não faz parte destas mega-habilidades, ele é algo bem mais

simples, é uma espécie de habilidade anteriormente necessária para o

desenvolvimento das mega-habilidades. Mesmo sendo fundamentalmente simples,

existem vários níveis de raciocínios. Assim sendo, o grande desafio para

educadores e alunos quando o assunto é desenvolver o raciocínio, está em

organizar estes níveis de forma que possam se tornar ordenadores das mega-habilidades.

     Por fim, a Escola não pode partir do pressuposto de que à medida que as

crianças amadurecem e ficam adultas, naturalmente desenvolvem a habilidade de

raciocínio em seus mais diversos níveis. Para Lipman o repertório básico das

habilidades de raciocínio do adulto é naturalmente muito pouco diferente do

repertório da criança. (LIPMAN, 1995, p. 56-57) Indiscutivelmente o adulto possui

muito mais vivências e experiências de vida. Eu, como pensador, valorizo estas

vivências como fonte interessante para o desenvolvimento do conhecimento de um

indivíduo e de uma sociedade. Mas essas vivências só possuem valor se a pessoa

aprender algo com elas, para isso é necessário que esteja capacitada a presumir,

supor, comparar, inferir, contrastar, julgar, deduzir, induzir, classificar, descrever,

definir, explicar, etc. Todas estas habilidades citadas são posteriores a habilidade de

raciocinar. Devido a isso, julgo que se a Escola não estiver voltada para o

desenvolvimento do raciocínio, as mega-habilidades e consequentemente toda

aprendizagem das disciplinas, estão ameaçadas e estaríamos correndo o risco de
estarmos formando uma grande quantidade de analfabetos funcionais32 ao final do

Ensino Médio.


 Este texto faz parte do trabalho chamado “Crítica a Escola” escrito por mim, Fabio Goulart. Para fazer o Download do trabalho Completo CLIQUE AQUI. Todos os dias será postado um novo texto deste trabalho aqui no site! Boa Leitura!

32 Entendo como ‘analfabeto funcional’ aquela pessoa que lê e escreve, mas tem severas dificuldades

para compreender o que lê e para expressar de maneira clara através da escrita aquilo que está

pensando.

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