Quando julgamos, julgamos com base em algo e em relação a algo. Se
alguma coisa não estiver relacionada com nenhuma outra coisa, o ser humano não é capaz de estabelecer qualquer tipo de julgamento sobre ela. (LIPMAN, 1995, p.94)
Os julgamentos são o produto das investigações, mais do que revelar
relações como semelhança e diferença, eles também podem criá-las. As principais relações que o julgamento pode revelar ou criar são as relações entre o que é justo e o que é injusto e entre o que verdadeiro e o que é falso. Visto que a Escola deve ensinar para a verdade e que esta 'verdade' não é a inflexível; desenvolver a capacidade de julgamento dos alunos deve ser o norte de toda prática escolar, independente do nível, da época ou da localidade em que se encontra a escola.
O bom julgamento é a principal característica do pensar de ordem superior.
Cotidianamente aqueles que fazem bons julgamentos são chamados de
sábios.40(LIPMAN, 1995, p. 237) Durante nossas vidas realizamos julgamentos a cada momento, o que diferencia os bons julgamentos dos julgamentos ruins é o fato que um “bom julgamento leva em consideração tudo que é relevante”, inclusive a si mesmo.41(LIPMAN, 1995, p. 172)
O julgamento pode ser crítico ou criativo. Um difere muito do outro, mas os
educadores precisam admitir que a Escola necessita cultivar os dois em seus
alunos. O julgamento crítico busca princípios que estimulem os alunos a
transformarem questões enigmáticas e problemáticas em questões não enigmáticas e conhecidas em suas teias de significados, enquanto o julgamento criativo preserva a curiosidade investigativa gerando uma constante surpresa a cada nova descoberta. Assim sendo, ao contrario da Escola padrão que se movimenta como um barco com o leme emperrado, andando em círculos, vindo de nenhuma parte e indo pra lugar nenhum. A Escola deve navegar entre o julgamento crítico e o julgamento criativo, entre o tornar familiar e o tornar surpreendente, entre o resolver problemas e o criar novas propostas, seguindo firme rumo ao pensar de ordem superior e o pensar complexo, nunca esquecendo ou menosprezando aqueles em que está levando a bordo, os seus alunos e professores.
Este texto faz parte do trabalho chamado “Crítica a Escola” escrito por mim, Fabio Goulart. Para fazer o Download do trabalho Completo CLIQUE AQUI. Todos os dias será postado um novo texto deste trabalho aqui no site! Boa Leitura!
40 Lipman alerta que não devemos supor que a melhora do raciocínio e do julgamento das crianças vão implicar na melhora de suas ações. Esta suposição deve ficar contida ao âmbito da probabilidade, por maior que ela seja.
41 Para decidirmos o que é importante considerarmos como relevante para um julgamento,
necessitamos realizar um julgamento prévio sobre estas questões. Assim sendo temos um
julgamento sobre o que precisa ser julgado na hora em que se julga algo. O que nos remete a pensar uma espécie de metafísica do julgamento que vai muito além da prática do julgar.
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