O Movimento da Vida
“Tu não podes tomar banho duas vezes no mesmo rio, pois aquelas águas já terão passado e também tu já não serás mais o mesmo.” Assim dizia Heráclito de Éfeso um pré-socrático, ou seja, um dos primeiros filósofos da humanidade a mais de 2500 anos atrás.
Fico admirado em perceber como ainda hoje estas palavras parecem deter o poder de fazer do mais sábio ao mais ignorante refletir sobre as coisas da vida. Foram palavras que sobreviveram à ascensão e queda de impérios na antiguidade, às trevas na idade média, às navegações da modernidade e às grandes guerras e descobertas contemporâneas.
Dizer que o mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo de hoje nos faz imediatamente pensar que na vida tudo pode mudar, devido a isso, por mais obscuras que tais palavras possam parecer, elas nos trazem sempre o sentimento de esperança.
Esta é a filosofia do “tudo flui”, ou ainda “tudo passa” (em grego “Panta rei”). Para Heráclito a única coisa que não poderia mudar era o próprio movimento, por isso a possibilidade da mudança (ou Devir) seria de fato a sua única certeza e a força que rege o universo. Mas como e quais são os limites desta mudança?
A mudança é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas umedecem etc. O mesmo podemos dizer sobre as pessoas: Pessoas boas podem fazer coisas más, pessoas que já foram ruins podem começar a ser boas, etc. Dificilmente a mudança vai de um extremo ao outro, geralmente é sutil e demorada, mas sempre pode acontecer. A realidade é formada sempre por dois lados da moeda, mesmo que às vezes somente um pode ser visto. Por isso não podem dizer que existem coisas quentes ou frias, nem pessoas boas e más, o certo é dizer que as coisas estão quentes ou frias, ou que as pessoas estão fazendo coisas boas ou ruins. O quente só é quente se comparado com o frio, e a qualquer hora pode esfriar, e as pessoas sempre carregam o bem e mal dentro de si, são as escolhas e os atos que farão os outros julgarem, por isso todos nós podemos mudar.
As coisas mudam naturalmente, como as águas que nascem nas montanhas e correm pelo rio até o mar, já as pessoas necessitam fazer algumas escolhas para mudarem. Estas escolhas devem surgir do desejo de se tornar diferente do que foi ontem, ou se transformar hoje no que deseja ser amanhã. É justamente a reflexão sobre quem somos e o que fizemos acrescentada das novas experiências de vida e conhecimentos adquiridos que podem nos dar força para mudar.
O tempo não para, cada homem sempre carrega com sigo seu passado, presente e futuro. Por isso devemos sempre manter a esperança na mudança, por mais que todos teimem e nos julgar pelas coisas que passaram, devemos lutar com suor e lágrimas por um futuro melhor, onde sejamos pessoas que fazem coisas melhores, onde a vida tenha mais valor.
Não são os outros que valorizarão sua vida. Você terá que fazer isso por sua própria conta.
Muito bom o texto. Compartilhado em minha página do face, concerteza! ;) (catarina.jessica)
ResponderExcluirQue bom que gostou! Seja bem vinda ao filosofiahoje.com !
Excluirgostei!!
ResponderExcluirsó o que está vivo muda e vida significa mudança.
Pena a maioria das pessoas limitar suas mudanças...
Adorei... Heraclito foi um pré- socratico. A sua filosofia ou seja a filosofia do devir vai influenciar Hegel.
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