Giovani Alves diz que os protestos necessitam de uma mínima
plataforma política para lutar efetivamente contra as injustiças sociais. João
Alexandre Peschanski acredita que a indignação contra as mais variadas formas
de desigualdade social são claras, mas as ideias de igualitarismo dos
movimentos ainda são muito vagas. Tariq Ali questiona sobre contra o quê se
está lutando. Para Slavoj Zizek não basta criticar o sistema, os protestos
necessitam apresentar uma alternativa para poderem transformar o país. Concordo
com todas estas críticas, mas acho que são injustas frente a real natureza dos
movimentos de protesto que tomaram as ruas em 2013.
A maioria dos analistas está
tentando entender os protestos como ‘algo em si’ e por isso se precipitam em
suas análises. Julgo que estamos apenas acordando e dando os primeiros os primeiros
e necessários passos para tirar toda uma geração da inércia política. Visto
isso, outros passos nos são agora necessários para acelerar o processo que pode
nos levar a tão sonhada emancipação prometida por Kant na era do
Esclarecimento, bem como fará do mundo um lugar mais justo e igual para que
todos possam viver e desfrutar de nossas diferenças.
Não acho que a falta de propostas
seja um problema agora. Vivemos o momento de simplesmente nos unirmos e
compartilharmos vivências para protestarmos contra toda forma de violência e
ocultação da verdade. Neste momento é normal a falta de clareza nos discurso
dos manifestantes.
Esta é uma revolução do indivíduo.
Talvez em 500 anos de nossa história, está é a primeira vez que nos sentimos
indivíduos... O manifestante que vai as ruas conscientemente é como como o
prisioneiro da caverna de Platão que se liberta das correntes e deslumbra um
mundo muito além das sombras refletidas nas paredes. Porém ao voltar para a
caverna não consegue se expressar para os que continuam acorrentados, afinal
aprenderam durante toda a vida que tudo que existe são as sombras e que não se
necessita nada mais para viver. Da mesma forma que o prisioneiro foi condenado
por seus irmãos da caverna, muitos hoje condenam os manifestantes sob acusações
de românticos, radicais, sonhadores, vagabundos, baderneiros, vândalos e até de
loucos; mas o fato é que são eles os mais esclarecidos, porém estão
incapacitados de transmitir tal esclarecimento devido a falta recursos
intelectuais de todas as partes.
Ao invés de nos determos à
análise ou mesmo à crítica destes movimentos, intelectuais de todas as áreas
devem estar unidos e concentrados em busca à formulação de propostas realmente
novas, que supram as necessidades dos indignados e promovam igualdade social e
respeito aos diferentes. Normalmente este tipo de trabalho acadêmico
interdisciplinar de alto nível é difícil de ser elaborado, mas talvez a própria
organização horizontal que respeita as especialidades de cada indivíduo membro
aplicada nos protestos de 2013 seja o melhor caminho a ser tomado.
O Primeiro e mais importante
passo foi dado nas redes sociais, Depois foi à vez de ocuparmos as ruas e
praças. Agora temos o dever de gerarmos subsídios intelectuais para suprirmos o
vazio que fica após as os protestos. Caso contrário, corremos o risco de
deixarmos a porta aberta para antigos inimigos, como o totalitarismo, o
fundamentalismo, o extremismo religioso, etc. (Filósofo Fabio Goulart)
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