Eu tomei coragem e resolvi ler a doentia carta que o burro
do estudante João Victor escreveu contra "Marx", mesmo sem ele nunca
ter lido nada do filósofo alemão. Vejamos as atrocidades que ele proclama. O
texto começa assim:
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"Caro professor, Como o senhor deve saber, eu repudio o
filósofo Karl Marx e tudo o que ele representa e representou na história da
humanidade, sendo um profundo exercício de resistência estomacal falar ou ouvir
sobre ele por mais de meia hora".
> Confesso que também tive problemas estomacais lendo
esta carta, no entanto nada que um estomazil não resolvesse...
"Aproveito através deste trabalho, não para seguir as
questões que o senhor estipulou para a turma, mas para expor de forma livre
minha crítica ao marxismo, e suas ramificações e influências mundo afora. Quero
começar falando sobre a pressão psicológica que é, para uma pessoa defensora
dos ideais liberais e democráticos, ter que falar sobre o teórico em questão de
uma forma imparcial, sem fazer justiça com as próprias palavras".
>Ao mesmo tempo que diz que "quer expor de forma
livre sua crítica ao marxismo", ele acredita que vivemos num regime
comunista ditatorial. Ora, se estivéssemos num regime totalitário, como ele
disse, já teria sido empalado em algum presídio político. Além disso, a
liberdade de expressão não é nem de longe oposta ao comunismo. A última frase
acima mostra a falta de rigor teórico em sua retórica do senso comum.
"Me é uma pressão terrível, escrever sobre Marx e sua
ideologia nefasta, enquanto em nosso país o marxismo cultural, de Antonio
Gramsci, encontra seu estágio mais avançado no mundo ocidental, vendo a cada
dia, um governo comunista e autoritário rasgar a Constituição e destruir a
democracia, sendo que foram estes os meios que chegaram ao poder, e até hoje se
declararem como defensores supremos dos mesmos ideais, no Brasil. Outros
reflexos disso, a criminalidade descontrolada, a epidemia das drogas cujo
consumo só cresce (São aliados das FARCs), a crise de valores morais,
destruição do belo como alicerce da arte (funk e outras coisas), desrespeito
aos mais velhos, etc".
>Em primeiro lugar, esta história de falar em Marxismo
Cultural é coisa de leitor de Olavo de Carvalho. Em nenhum dos escritos de
Gramsci ele defende isso. De qualquer forma, dizer que vivemos em um governo
comunista e autoritário soa como mais como uma piada do que uma sentença.
Primeiro, nunca existiu comunismo em lugar nenhum da história e do espaço
geográfico. O comunismo é, nos moldes de Marx, uma etapa posterior do
socialismo. Portanto, Cuba, URSS e Venezuela não atingiram o nível de comunismo
pensado por Marx. Muito menos o Brasil. Dá para dizer, inclusive, que o Brasil
é o país que mais tem políticas econômicas liberais e neoliberais da América do
Sul, basta observarmos nossas alianças comerciais. Ou seja, o PT está mais para
o liberalismo do que o comunismo. Daí chega o ápice de sua esquizofrenia:
associar vários problemas sociais com o suposto "comunismo
brasileiro".
>Como base nisso, minha tese sobre o estudante de Itajaí
que se negou a fazer um trabalho sobre Marx: ele passou o semestre todo em
festinhas particulares na sacada de seu Flat, e, como não havia estudado nada o
semestre todo, usou como desculpa argumentos oriundos da doentia cabeça do
Olavo de Carvalho. (Filósofo Jeverton Soares Dos Santos – Da
página Filosofia Hoje )