A indústria cultural tem se especializado em um processo que chamo de incorporação esterilizadora. Por mais autônoma que possa ter sido a criação de uma ideia não demora muito para que seja incorporada e esterilizada. Sempre que surge uma obra, teoria ou movimento contra ou neo cultural esse mesmo é rapidamente pegue pela indústria cultural, tornando sua força transformadora em força geradora de lucros. Em troca da esterilização de suas ideias o artista recebe o reconhecimento público, muito dinheiro e a bajulação que é marca característica aos “bem sucedidos”, em contra partida o obra é rebaixada a produto cultural, muitas vezes: kitsch de mal gosto. Nos acostumamos a ver as sinfonias de Beethoven associadas a cafonas peças publicitárias, o estilo cubista de Picasso associado a automóveis familiares, camisetas com o rosto do revolucionário Che Guevara vendidas para jovens de classe média, contrapesos de papel imitando as esculturas de Rodin, etc. Ao ser incorporada uma obra se potencializa e consegue atingir um número cada vez maior de pessoas, porém tem sua força dissipada e causa muito menos efeito que seu idealizador possa ter pensado. Esta é uma troca necessária para a lógica de dominação do sistema vigente, pois mantem sobre controle qualquer ideia transformadora. É uma troca geralmente tão bem feita que o artista idealizador muitas vezes nem percebe que está fazendo e quando finalmente percebe, muitas vezes resta-lhe apenas a loucura, os vícios e a morte. (Filósofo Fabio Goulart – Da página Filosofia Hoje)
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