Olá! Minha coluna O Som da Verdade de hoje, será diferente.
Hoje vou abordar o assunto: "Rolezinho", este tema vem sendo noticiado a algum tempo, nos principais jornais, portais e nas redes sociais e por este motivo resolvemos tratá-lo por aqui.
Primeiramente, é necessário que você entenda como isso começou, então segue um breve resumo:
Hoje vou abordar o assunto: "Rolezinho", este tema vem sendo noticiado a algum tempo, nos principais jornais, portais e nas redes sociais e por este motivo resolvemos tratá-lo por aqui.
Primeiramente, é necessário que você entenda como isso começou, então segue um breve resumo:
Desde
o fim de 2013, jovens têm organizado encontros pelas redes sociais,
principalmente, em shoppings da capital paulista e da Grande São Paulo.
Os eventos ficaram conhecidos como "rolezinhos". A primeira iniciativa a
ganhar repercussão aconteceu no Shopping Metrô Itaquera, Zona Leste de
São Paulo, em 8 dezembro. Algumas lojas fecharam com medo de saques e o
centro comercial encerrou o expediente mais cedo.
Este
tipo de encontro em lugares públicos-privados não é propriamente uma
novidade em São Paulo.
E não começaram especificamente no ano passado. Ocorreram mais eventos deste tipo, como você pode ver em: http://g1.globo.com/sao-paulo/ noticia/2014/01/conheca- historia-dos-rolezinhos-em- sao-paulo.html
E não começaram especificamente no ano passado. Ocorreram mais eventos deste tipo, como você pode ver em: http://g1.globo.com/sao-paulo/
Os
passeios romperam a fronteira paulistana. Em Porto Alegre, há dois
eventos sendo convocados por meio Facebook: no Shopping Moinhos, no
próximo domingo, e no Barra Shopping, em 1º de fevereiro.
Resolvemos
entrevistar os organizadores do evento Marcia Santos (Organizador do
evento no Shopping Moinhos) e Luana Mendonça (Organizadora do Shopping
Praia de Belas).
Por
uma questão de receio quanto a retaliações por parte das autoridades e
pessoas contrárias ao evento, os organizadores do evento, me pediram
ajuda na divulgação, cobertura e organização e estou auxiliando e
acompanhando, para evitar atos violentos.
Segue a entrevista:
Segue a entrevista:
1) Márcio. O que você acha sobre o que aconteceu nos "Rolezinhos" em SP? Qual sua opinião sobre o assunto? Rolezinhos
acontecem desde a década de 80, 90, quando os shoppings se proliferaram
pelas cidades brasileiras. O espaço sempre foi de lazer. Eu, por
exemplo, fumei o meu primeiro cigarro dentro de um shopping. Hoje não
fumo mais e é proibido fumar em lugares fechados. Muita coisa mudou. O
que piorou foi a educação no país. Chegou num ponto que o jovem da
periferia é tão viciado no funk, que ele não respeita mais quem está do
seu lado. Ele leva seu som para dentro do metrô, do trem e do shopping.
Alguns se transformaram em vândalos. O grande problema é que nem todos
são vândalos. E a PM truculenta e sem educação também, impediu a entrada
desses jovens de maneira violenta, na maioria negros e pardos, de
entrar nestes estabelecimentos comercias. Aí surgiu o problema.
2) Por qual motivo você acha que algumas pessoas "abraçaram esta causa" que ocorreu em SP, assim como você está fazendo? Acredito
que os protestos realizados em junho não foram suficientes para sanar
os anseios imediatos dos brasileiros. Estamos no ano da Copa do Mundo,
muito dinheiro está circulando, muita corrupção está acontecendo. A
inflação está sendo ocultada, os alimentos, serviços, impostos estão
muito caros e ninguém está satisfeito com a atual política econômica do
país. Assim como o preço da passagem no ano passado, o problema racial
agora parece ser estopim do desconforto da população.
3) Tem pessoas que não sabem.O que é "Rolezinho" e qual o significado disso?
Em São Paulo ir pra balada também pode ser definido como "dar um rolê".
Os rolezinhos nos shoppings são momentos lazer dos jovens da periferia.
Eles andam em turmas, escutam funk, namoram, paqueram. O que todo mundo
já fez ou faz quando estava na idade deles. A diferença está nos novos
hábitos desses jovens que se proliferaram, ganham seus salários, vivem
ouvindo funk ostentação, e querem consumir em shoppings. Só que eles não
se separam de suas caixas de som e causou o problema.
4) Por qual motivo você decidiu fazer isso em Porto Alegre? Eu
vi que no Rio de Janeiro vai acontecer o evento no mesmo dia e horário
que marquei aqui. Assim como lá, decidi apoiar a causa do racismo e da
desigualdade. Acho que o país é um só, não somos um outro país. A causa
lá e aqui é a mesma. O racismo aqui é bem pior que em São Paulo.
5)
A principal preocupação das pessoas Márcio, é com a segurança. Como
vocês estão tratando, programando este "rolezinho"? Como será no quesito
segurança? Hoje
vamos conversar com administração do Moinhos Shopping e definiremos se
ocorrerá dentro ou fora do estabelecimento. Se for dentro, o shopping
tem seus próprios seguranças. Se for fora, avisaremos a Brigada Militar
sobre o ato.
6) Como será organizado, será dentro, fora, do Shopping? Queremos
entrar. O encontro inicial será fora. Depois vamos percorrer os
corredores do shopping até a praça de alimentação, civilizadamente, e
faremos uma espécie de pic nic nas mesas do local.
7)
O que mais as pessoas perguntam é: Para que fazer isso? o que você
pensa sobre isso? Qual o propósito deste evento? Qual o efeito prático
disso? O
propósito, o motivo é um só: apoio aos jovens pobres e negros do país.
Eu penso que protestar é cultura de países de primeiro mundo, aqui
estamos em desenvolvimento, e as pessoas estão se acostumando com estes
eventos. E por isso existem muitas dúvidas.
8) O que será feito lá no Moinhos efetivamente? O que vocês farão lá no local fisicamente? Vamos
nos encontrar na rua, percorrer os corredores, assim como são os rolês.
Iremos até a praça de alimentação e, num ato simbólico, será
distribuído pão com mortadela. O ideal é que os pobres e negros se
sintam a vontade e sejam bem vindos no shopping. Assim como deve ser em
qualquer lugar.
9)
Temos visto várias pessoas indignadas com estes Rolezinhos, dizem que
há violência, arrastão, roubo, música alta, baderna, etc. O que você
pensa sobre isso? E nós, teremos alguma destas coisas aqui em Porto
Alegre? Como será? Eu
acredito que num futuro próximo não será diferente a introdução de
pobres, negros e pardos que gostam de funk ocuparem espaços que antes
não ocupavam. O país está num processo de mudanças sociais. No ato
programado pra domingo não queremos violência, arrastão e musica alta.
Queremos um rolê civilizado. É preciso deixar claro que pobre e negro
pode sim ter educação. É preciso deixar claro também que o país precisa
urgentemente de investimento na educação já que esse tipo de problema
acontece numa cidade grande como São Paulo.
10) Você acha que existe preconceito racial, social, cultural? E Contra o Funk? Existe
sim e não só no Brasil. Mesmo nos Estados Unidos, que já elegeu um
presidente negro, existe. E talvez sempre vá existir. O que não pode
acontecer é violar os direitos dessas pessoas. Em relação ao funk também
existe ojeriza. E não deveria, pois o funk ouvido por estes jovens é genuíno, brasileiro. É a nossa cara. Infelizmente. O que podemos fazer
agora é cobrar dos governantes, nossos representantes políticos,
investimento na educação, e acreditar que, assim, a qualidade dessa
música melhore.
Autor: (Crítico Social Fábio Fleck Filosofia Hoje)
Excelente matéria. Proibir os jovens de passear em local público é inconstitucional, mas a intenção, penso eu, é exatamente engrossar a barreira entre classes sociais e reforçar estigmas. A educação dada aos pobres é pior, a "cultura" injetada nos pobres é pior, logo, é injusto culpá-los pela miséria intelectual e civil que eles enfrentam. Existem inúmeras tentativas de distanciamento entre as classes e esse lance do Rolezinho é só a cereja do bolo.
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