Antes de qualquer coisa, precisamos deixar claro que esta
não se trata de uma crítica apenas ao governo vigente, mas sim a todo o sistema
da saúde.
É obvio que o governo atual, aliás, todos os políticos
poderiam fazer, ou tentar qualquer solução para o caos que temos no SUS.
Você já precisou usar o SUS? Bem. Fazia tempo, mas muito
tempo que eu não precisava, pois sempre utilizo convênio médico empresarial.
Se você assim como eu tem a possibilidade de ter um plano de
saúde, ou mesmo pagar um médico e hospital particular, faça isso.
Precisei utilizar o hospital público, pois meu filho
apresentou quadros de problemas neurológicos, como dores de cabeça, espasmos e outros
problemas nos nervos, algo como uma convulsão.
Chegando ao posto médico de saúde,
fomos orientados a ir diretamente para um hospital da rede pública, pois a
situação era urgente.
Na emergência deste hospital, após uma espera
de quatro horas a pediatra o encaminhou para uma avaliação com o neurologista
de plantão (não para estes casos, pois ela era uma neurocirurgiã). Foi feito um
exame e nada foi detectado. Então esta médica especialista nos informou que ele
precisava urgentemente ser avaliado por um neurologista pediátrico em outro
hospital. Disse que ele poderia ser levado de ambulância, mas como demoraria
duas horas para o veículo ficar disponível, preferimos ir de carro rapidamente.
Chegando lá, uma pediatra o avaliou e
disse que ele estava bem (leia-se: não estava morrendo). Por isso, poderia ir
para casa, agendar uma consulta no posto médico para a próxima semana e voltar
ao hospital em caso de urgência.
Ficamos na dúvida. Por que uma
médica especialista nos orienta a procurar um neurologista pediátrico, mas a
pediatra diz que não é urgente? Há uma discrepância nestas informações e alguém
errou. Voltamos ao primeiro hospital para questionar isso da própria médica que
nos indicou que o caso era urgente.
O enfermeiro da triagem, já tentou
nos dispensar ali mesmo.
Disse que se a médica orientou ir para casa e agendar
a consulta, era para seguir esta recomendação. Após questionar dezenas de vezes
o desencontro das informações, após quase termos que chamar a polícia para ter
o atendimento solicitado, passamos por outro médico (após mais duas horas de
espera) era outro neurocirurgião de plantão, que disse que sua colega anterior
se equivocou e nos assustou por nada. Que isso provavelmente poderia ser apenas
um problema psiquiátrico e informou que provavelmente poderia ser síndrome de
Tourette. Sem os vários exames necessários para diagnosticar isso corretamente.
Disse com estas palavras: “- Não se preocupem ninguém morre disso!”. E reforçou
para agendar as consultas via posto médico regional.
Agendamos na sexta e o posto informou
que nos ligaria na segunda-feira para dizer para que dia ficasse marcada a
consulta. Mas no domingo ele teve outra crise e preferimos levar em um Hospital
de Pronto Socorro, dado o histórico negativo dos hospitais anteriores.
Falei com uma renomada psiquiatra,
Dra. Ana Hounie. E ela me informou que isso não parecia síndrome, que ninguém
pode adivinhar isso sem os devidos exames e que se ele tinha dores de cabeça, era
urgente sim e orientou a retornar ao hospital para avaliação neurológica. Seguimos
esta orientação.
Fizemos o boletim de atendimento no
terceiro hospital e na triagem, pasmem, informaram que também não possuíam esta
especialidade e sugeriram um quarto hospital infantil. Chegando lá, apesar da
demora, conseguimos o atendimento e a internação, do meu filho, pois
o médico informou que realmente este caso era emergencial. Mesmo com a
morosidade dos exames, falta de empatia e vontade por parte dos médicos ele está
sendo atendido.
Fica a pergunta: Se não era grave,
ou urgente, porque ele foi internado neste quarto hospital? Por que esta demora
e este desencontro nas informações?
Eu denunciei o caso para a câmara
de vereadores, para a secretaria de saúde e para a ouvidoria dos hospitais, ainda
sem resposta.
Mas o tempo que precisei ficar no
SUS, consegui ouvir e ver com os meus próprios olhos as reclamações das
pessoas. O tempo imenso que ficam em uma fila. Às vezes quatro horas para
receberem um diagnóstico falho, errado, ou sem os exames necessários. As
pessoas retornam para suas casas, pioram e precisam voltar ao hospital e esperar
horas novamente. Muitos desistem. E quantos não morrem na porta dos hospitais?
O descaso, a falta de aparelhos, especialistas, falta de vontade de
atender são fatores críticos para esta situação.
Porém, precisamos observar que
a falha parece ser muito mais estratégica e gerencial e até político do que simplesmente
operacional. Estas pessoas seguem protocolos e procedimentos – Como o de
Manchester – que não atende a população. Categorização por cores, portarias que
derrubam o direito garantido de certos atendimentos prioritários, são exemplos coisas básicas que poderiam mudar, mas nosso dever é o de denunciar
todos os casos para todos os canais possíveis!
Para ilustrar que o meu não é um
caso isolado, observe abaixo mais noticiais sobre o SUS e reflita sobre este
tema!!!!!!!
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