Os gregos estavam convencidos de que os talentos naturais - aos quais chamavam de "virtudes"- eram desigualmente distribuídos no mundo. Essa constatação fazia-os crer que havia uma espécie de hierarquia natural entre os homens.
Quando Aristóteles diz - e é reiterado, no século passado, por Ruy Barbosa- que "a cidade deve tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades", ele estava afirmando que o fato de as virtudes não serem igualmente distribuídas entre os homens justificava que a cidade também não tratasse a todos de igual maneira, a partir do que o estagirita chamava de "igualdade corretiva".
Só muitos séculos mais tarde que o Pensamento Cristão - com Santo Agostinho- vai introduzir ao pensamento Ocidental o conceito de igualdade. No entanto, é Kant quem o introduz de maneira mais significativa no pensamento moral moderno.
É claro que Kant não discorda que há uma desigualdade na distribuição das virtudes - que, por influência da parábola de Cristo, passamos a chamar de "talentos"-, mas explica que o que confere dignidade a um homem não são os talentos trazidos, a priori, pelo indivíduo, mas a ação efetuada, livremente, por ele.
Este é o homem esclarecido de Kant: O homem capaz de pensar pare deliberar livremente, na contramão da própria natureza, em direção ao imperativo categórico. O homem digno não é, inexoravelmente, o homem talentoso. Você pode ser um gênio. mas, se construir a bomba atômica, não será, moralmente, digno.
Filosofar é, como me disse, certa feita, uma amiga "não ser um maria com as outras", é pensar, é agir livremente por sua própria deliberação, é seguir a sua vontade. "Ousai saber!"
Quer "ousar saber" e se informar mais sobre o que é o esclarecimento? Assista a este vídeo do Filosofia Hoje e aprenda sobre um dos filósofos mais importantes no pensamento moral moderno: https://www.youtube.com/
Mayck Sathlher, colunista da página Filosofia Hoje.
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